Por que escolhi Cuba?

domingo, novembro 24, 2013




Há uma urgência em ir a Cuba, para conhecê-la tal como é hoje. Como queria conhecer a Cuba socialista, entender suas contradições, conhecer como funciona uma sociedade sem propriedade privada, sem lucro, sem publicidade (é tão estranho andar nas ruas e não ver anúncios nem propagandas...), achei que tinha que ir logo para a ilha.

Cuba tem mudado a passos lentos, porém constantes. Desde que subiu ao poder, Raul Castro tem implementado um conjunto de reformas econômicas que, apesar de pequenas e lentas, tem transformado o dia a dia da ilha. Fico imaginando como seriam as cidades cubanas sem os milhares de paladares, casas particulares e pequenas vendas que estão por toda a parte e que só foram permitidas recentemente...

Quando estava lá, estava sendo discutida uma lei que permitiria comércio de imóveis entre particulares. O taxista e advogado de Trinidad, que nos levou a Playa Ancón, nos contava que já havia algumas casas anunciadas para venda, mas os preços pedidos pelos proprietários eram absurdos para um cubano comum. Segundo ele, o recente mercado levaria um tempo até ajustar sua oferta e demanda, e chegar a preços razoáveis. Também discutiam uma lei que possibilitaria que o cidadão contratasse diretamente um advogado (atualmente, o cidadão precisa buscar o Estado, que designa um profissional para atendê-lo e a morosidade desse processo tem trazido problemas, principalmente nas questões criminais).
Os anos 50 estão logo ali!


Assim que voltei, Raul Castro anunciou o fim progressivo do câmbio duplo na ilha, essa coisa doida que faz a economia de Cuba um quebra-cabeças difícil de montar. São duas moedas circulando simultaneamente, o peso cubano (CUP) - que os cubanos usam no seu cotidiano - e o peso convertible (CUC), usado principalmente no turismo e que vale 24 vezes mais que o CUP. Na prática, o acesso às moedas cria uma divisão social entre aqueles que trabalham nas atividades turísticas e ganham em CUC (que são, portanto, mais "ricos") e os que desempenham o restante das atividades produtivas (marceneiros, médicos, advogados, eletricistas, professores etc). Essa divisão faz com que todos queiram oferecer algum tipo de serviço para o turista e receber o desejado CUC.


Os cubanos têm uma ótima educação, muitos falam outros idiomas, são educados e gentis. Com esse capital humano acumulado, a ilha mudará rapidamente, assim que houver liberdade pra isso. Além disso, os cubanos não perdem negócio NUNCA. É engraçado essa veia "mercante" que eles mantiveram, mesmo depois de tantos anos de regime socialista. Basta olhar para um cubano, que ele te oferecerá algo - táxi, restaurante, um puro ou um bom rum. E insistirá. E fará contra propostas até que você capitule.

Se você também tem vontade de conhecer essa Cuba, sugiro correr. Logo, logo ela não será mais a mesma.


Essa Cuba já está partindo!


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